terça-feira, 26 de outubro de 2010

A MULTIPLICIDADE DAS INTELIGÊNCIAS

A teoria das inteligências múltiplas, desenvolvida por Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional norte americano, juntamente com uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harward, na década de 80, obteve grande apreciação no campo educacional. Gardner sustenta que as inteligências não são objetos que possam ser quantificados, e sim, potenciais que cada pessoa possui e que poderão ser ou não ativados, conforme os valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos ou suas famílias, seus professores e outros
Durante muito tempo se afirmou que a inteligência era hereditária e que podia ser medida simplesmente pelos testes do Q.I. (quoeficiente de inteligência) do indivíduo, mas ele provou que esta poderia ser uma teoria superada. O pensamento sobre a multiplicidade das inteligências surge como uma alternativa para o conceito antes existente, pois, esta era definida como um potencial nato, geral e único que permite aos indivíduos uma atuação maior ou menor em qualquer área. Em seus estudos sobre a inteligência e os diferentes métodos que tinha por objetivo identificá-la, o psicólogo Howard Gardner contrapõe esse pensamento, pondo em dúvida a viabilidade do teste de Q.I como um indicador da capacidade da mente de um indivíduo. Avaliando atuações de diferentes profissionais em diversas culturas e o conjunto de habilidades dos seres humanos, culturalmente apropriadas, na busca de soluções para seus problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo, para chegar às inteligências que deram origem a tais realizações
Após estudos, Gardner afirma que todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem habilidades gerais, hesita quanto à possibilidade de se medir a inteligência através de testes escritos e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diversas. Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais. Gardner e sua equipe identificaram sete tipos de inteligências nos seres humanos, sendo elas: Lógica - voltada para conclusões baseadas em dados numéricos e na razão; Lingüística – capacidade elevada de utilizar a língua para comunicação e expressão; Corporal – capacidade de utilizar o corpo para se expressar ou em atividades artísticas e esportivas; Naturalista – voltada para a análise e compreensão dos fenômenos da natureza (físicos, climáticos, astronômicos, químicos);
Intrapessoal – pessoas que possuem a capacidade de se autoconhecerem, tomando atitudes capazes de melhorar a vida com base nestes conhecimentos; Interpessoal – facilidade em estabelecer relacionamentos com outras pessoas. Indivíduos que conseguem facilmente identificar a personalidade das pessoas.
Fica cada vez mais clara a importância da contribuição de Gardner para o entendimento de como funciona nosso cérebro e de como aprendemos. Para Celso Antunes, especialista em educação “Pelo menos, três avanços neurológicos parecem extremamente significativos: o primeiro, é que a inteligência pode ser estimulada e o papel do meio ambiente associa-se ao da hereditariedade na construção de pessoas mais ou menos inteligentes; segundo, não existe uma inteligência na mente humana, mas diversas inteligências que compõe espectros altamente diferenciados; terceiro, o estímulo a essas inteligências não requer tecnologia de ponta ou investimentos que inviabilizem sua prática em todo lugar, em qualquer família ou escola”.
Sem dúvida, a proposta de Gardner eliminou a preconceituosa idéia da existência de uma “inteligência geral”, propondo a idéia de inteligência num sentido amplo, como um fluxo cerebral que nos leva a escolher a melhor opção para solucionar uma dificuldade, entre diversas opções, qual a melhor. Enfim, ela significa uma mudança de paradigma, pois, censura o conceito de que a inteligência é uma faculdade única, genérica, mensurada, tal como psicólogos e educadores haviam se habituado. Ela pressupõe o caráter complexo da condição humana e atribui às famílias, instituições e sociedade a responsabilidade de promover o pleno desenvolvimento dos indivíduos em suas habilidades, pois, isso é decisivo para construção de um mundo mais aberto, mais inclusivo e muito mais justo.

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