sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Composição histórica dos partidos políticos no Brasil

Desde o final do período Colonial e durante o Primeiro Reinado, surgiram os primeiros partidos políticos brasileiros, o primeiro formado pelos grandes proprietários de terras que buscavam a independência do país em relação a Portugal, este foi chamado de Partido Liberal o segundo formado pelos grandes proprietários de terras que defendia a permanência do vinculo colonial, este chamado de Partido Conservador.
Essa estrutura partidária foi mantida durante todo o período Imperial brasileiro de 1822 a 1889 contando também os dez anos do Período Regencial. Nesse momento os dois partidos eram composto pelos mesmos setores sociais, sempre os ricos proprietários de terra, os únicos em que a constituição feita por eles mesmo permitia participar da vida política do país.
Com a proclamação da República em 1889, os partidos desapareceram temporariamente, pois a Primeira República era dirigida pelo Exercito brasileiro, a chamada República das Espadas. Quando finalmente se criou uma República Civil no país, automaticamente a dualidade entre os setores dominantes voltou.
Inicialmente houve um domínio total dos coronéis de São Paulo e Minas Gerais, de características conservadoras, criando a chamada República Café com Leite, quando esses setores demonstraram estarem enfraquecidos, surgiu a AL (Aliança Liberal) que juntou coronéis do Rio Grande do Sul, Bahia, Paraíba buscando tomar o poder das mãos dos conservadores.
É preciso ressaltar, que o primeiro partido de esquerda do país surgiu ainda na década de 1920, o PC do B (Partido Comunista Brasileiro) organizado pelos Sindicatos Anarquistas dirigidos por imigrantes italianos e intelectuais que participaram da Semana de Arte Moderna em São Paulo em 1922.
Em 1930 aconteceu um levante armado da AL contra os Paulistas o que foi chamado de Revolução de 30, que colocou no poder Getúlio Vargas, gaucho que mudou radicalmente a história política do Brasil.
Getúlio instituiu uma ditadura populista no país, e para ajudar a manter seu domínio criou outros partidos que defendessem seus interesses e dos grupos que o apoiavam, a burguesia nacionalista. Inicialmente, foi apoiado pelos Integralistas, um grupo Nazi-fascista liderado por Plínio Salgado que pretendia criar no país um projeto baseado nas idéias de Hitler e Mussolini.
Depois se afastando dos Integralistas, Getúlio criou dois partidos, inicialmente o PTB, partido populista criado para fortalecer o projeto de Getúlio no país e garantir sua força em na disputa com a UDN, partido que representava os antigos coronéis conservadores de São Paulo e Minas Gerais.
No final do governo de Getúlio durante a campanha o “Petróleo é Nosso” estudantes que defendiam a soberania nacional criaram o PSB, por volta de 1945. O segundo partido de características socialistas do país.
Veio à década de 1950 e Getúlio que havia sido deposto do cargo em 1945 pelos militares, voltou a ser eleito presidente, pelo PTB, sofrendo dura oposição dos membros da UDN, cometeu suicídio em 1954, garantindo a permanência de seu grupo político no poder, pois se tornou um mito junto às camadas mais pobres da sociedade e conseguiu impedir a ascensão dos conservadores da UDN e dos militares ao poder até 1964.
Até o Golpe Militar de 1964, os partidos no Brasil eram a UDN representando a burguesia internacionalista e conservadora brasileira, o PTB criado por Getúlio representante da burguesia nacionalista brasileira, Getúlio ainda criou o PSC para ser uma segunda legenda para defender os interesses do seu grupo político, o PSB que era o partido socialista no Brasil.
Alem dos já citados ainda tinha o PC do B e PCB, dois partidos comunistas que se dividiram em função das mudanças na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) que com a morte de Stalin e a ascensão ao poder de Nikita krushev passou pelo Revisionismo e o antigo PC do B se transformou em Partido Comunista do Brasil se mantendo stalinista, enquanto o PCB passou a se chamar Partido Comunista Brasileiro e se transformou num partido Revisionista seguindo Nikita Krushev.
Veio o Golpe Militar de 1964, se instaurou no Brasil uma ditadura radical que impediu a constituição de partidos políticos, permitindo somente a criação de dois partidos, a antiga UDN se transformou na ARENA (Aliança Renovadora Nacional) defensores da ditadura militar, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) fazia a oposição permitida ao regime militar.
Na clandestinidade existiam outros partidos políticos, que de tanto sofrer com as perseguições do regime militar, passou a viver secretamente por dentro do MDB, como por exemplo, o PCB, PCdoB, MR8, TM, RM, PSB, POLOP, entre outros, todos com características de esquerda revolucionária.
Durante a década de 1970, a vida política partidária do país não se alterou, a repressão da ditadura militar não permitia a liberdade de expressão, nem cultural, nem política, estudantes, artistas, jornalista, padres e todos que discordavam da ideologia oficial do governo e das elites internacionais eram duramente reprimidos.
Em 1977, no Paraná, o Padre Jorge Boram passou a organizar a Pastoral da Juventude Católica, jovens que participavam de movimentos populares, surgiu então a Pastoral Operária, uma organização católica que buscava levar a discussão sobre o Deus e a liberdade a partir da fé Cristã a juventude trabalhadora, deste movimento se formou o primeiro embrião de um sindicato em São Paulo na região do ABCD paulista, no meio dos metalúrgicos, e em 1978 estourou a primeira greve dentro da organização da ditadura militar, milhares de trabalhadores paralisaram as atividades profissionais na busca por melhores condições de trabalho e de vida.
Houve perseguição, prisões, torturas, mas os trabalhadores não se renderam, na liderança do movimento estava Lulu, Plínio Arruda Sampaio, Luiza Erundina, entre outros. Mesmo com a repressão do governo militar, desta greve surgiu o movimento dos intelectuais brasileiros pela anistia daqueles que foram exilados políticos pela ditadura.
Com a anistia e a liberdade política Conquista a partir das lutas dos trabalhadores, e de setores da Igreja Católica, também foi garantido à liberdade partidária, e todos os partidos que militavam dentro do MDB se desligaram e passaram a constituir novos partidos políticos.
Ressurgiu o PTB, PCdoB, PSB, PCB, Leonel Brizola que havia voltado do exílio criou o PDT, a antiga ARENA se transformou em PDS passando a ser o representante da burguesia mais conservadora do país e o antigo MDB passou a se chamar PMDB.
Os trabalhadores que estavam ainda na greve do ABCD paulista passaram a perceber que não estavam representados em nenhuma daquelas agremiações políticas e em um grande encontro político no Pacaembu em São Paulo, decidiram por criar um partido diferente de todos os outros, surge então o PT (Partido dos Trabalhadores) e pela primeira vez um partido que não foi criado por uma elite intelectual e sim da luta da classe operária por um país mais justo e mais fraterno.
O PT abrigou todos os trabalhadores que não se sentiam representado em outros partidos, aos poucos intelectuais de esquerda se aproximaram do partido, artistas, criando o mais importante e mais representativo partido do Brasil.
Diferente de todos os outros, pois era um partido fundamentado nas teorias de Leon Trotski, que pregava a pluralidade de idéias internamente e a democracia nas discussões para resolução das divergências ideológicas, se formou internamente várias tendências a TEÔRIA MARXISTA, REVOLUÇÃO MARXISTA, TRABALHO, CONVERGENCIA SOCIALISTA, ARTICULAÇÃO UNIDADE NA LUTA, TENDÊNCIA VERDE, CAUSA OPERÁRIA, DEMOCRACIA SOCIALISTA, ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA, e as discussões partidárias eram democráticas e bem ricas de conteúdo.

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